"A cor do ano"

2012 ainda estava acabando quando vários blogs publicaram a seguinte noticia: "Empresa (ou marca) xx já divulgou qual a cor que será a tendência do ano". De começo, eu achei rídiculo, nada contra blogs que falaram da cor, pois o intuito do blog é divulgar esse tipo de notícia (mundo da moda), e nada contra a cor também, que para falar a verdade é bem bonita. Mas desde quando a imprensa tem tanto domínio pra dizer: "ESSA É A COR, PONTO FINAL?".

Eu imagino os diversos estilistas, as diversas pessoas que trabalham nesse ramo, será que se uniram em massa e disseram: "todos nós amamos essa cor"? É claro que não. Como sempre, a minoria impõe, a massa obedece. É engraçado que ninguém aqui vai mudar tudo que tem pra uma cor definida, mas sem dúvida, todos vão procurar por pelo menos um acessório, a menor coisa que mostre que você definitivamente é antenado e está "na moda". E esse papo de "estar na moda", só entende quem está nela. Quem não viu um artigo como esse, sem dúvida alguma não ficaria nem um pouco constrangido de não ter nada com a cor e, no máximo acharia bonito. Mas nós nos preocupamos demais com o que os outros vão pensar.

Antigamente, o estilo era um meio de protesto dos jovens e adolescentes. Os hyppies, por exemplo, procuravam expressar sua paz com o mundo nas roupas, os punks, sua revolta com a ditadura e padrões, as pin up's amavam mostrar toda sua feminilidade, e as românticas deixavam se levar pelos babados e cores claras para expressar sua visão bonita da vida.

Hoje em dia, nós superamos a fase "grupos". Podemos usar roupas pretas sem sermos julgados rockeiros ou revoltados, não precisamos nos vestir de roupas largadas e rasgadas para dizer que apoiamos um movimento "paz e amor". E muito menos precisamos nos vestir de determinada maneira para conseguir entrar em algum grupo ou ser respeitado. Cada um conquistou sua liberdade de misturar tudo e usar o que gosta, ser único!

Mas sabe qual o problema disso? Percebi que hoje as pessoas não procuram mais se expressar de forma alguma. Desde que estejamos em cima de um salto alto e um vestido colado, tudo na vida está perfeito, e desde que a maquiagem esconda a noite mal dormida, estamos felizes. Você vê adolescentes vestidos de roupas coloridas e pergunta, o que significa isso? A resposta é: "aaah... É a moda". Ou então, um rockeiro cheio de colares de símbolos e blusas obscuras: "aaah... Minha banda preferida se veste assim". Ou então skatistas com alargadores e roupas rasgadas: "aaah... É o estilo". E aquelas tatoos? "aaah... Achei bonito".

Talvez seja porque gosto de essências, mas, acho que ser único não é apenas usar uma roupa, uma "cor diferente". Acredito que o destaque não é estar melhor nem pior do que ninguém. Ser você mesmo é fazer com que tudo ao seu redor reflita você. E isso vai além de gostar ou não, vai além de ser tendência ou não. Vai além de tudo que vem de fora. Não sei se vocês perceberam, mas o capitalismo odeia essa frase: "seja você mesmo". São maquiagens novas a todo momento, cremes milagrosos, químicas para cabelo, unhas falsas, plásticas... O "normal", o "humano" está fora de questão.

Por fim, seja mais louco, mais criativo. Inspiração não sai de "looks prontos", tão pouco de "revistas". Inspiração de verdade saí do que tem ao seu redor, as flores, o céu, a cidade, ou até o que há de mais obscuro... Saia dessa "zona de conforto", trate de se inventar, reinventar, ousar, enfim... Viver mais o que você é de verdade!