(Des)Esperança

É noite. Minha cabeça dói. A pilha de livros já foi lida, acabaram-se as folhas dos cadernos, o violão desafinou, o chá acabou, os chocolates acabaram e não aguento mais ouvir aquela velha musica repetida. Nesse momento estou pensando, minhas maiores paixões, talvez sejam apenas vícios, que me fazem sair da realidade e passar o tempo ruim.

Enquanto me distraio, pessoas passam, momentos passam, tudo vai passando. E eu já estou longe demais do estado de normalidade. Inspiro fundo e repito: "sou feliz, sei que sou". É, eu sei que sou. Estou viva, estou grata, estou saudável e não vejo motivos melhores para me alegrar. Mas um tic tac me atormenta, um sentimento alterado, um medo do futuro, um peso presente.

E quando me sinto assim, como se meu espírito se elevasse, me sinto mais só e mais distante. Temo a noite e a companhia. Mas no fundo, eu só queria, alguém para conversar todos os dias. Odeio o fato de que pessoas olham para mim exteriormente e se importam em estar ao meu lado pelo que vêem ou escutam. Clamam confiança sendo que sequer conhecem minhas intenções, juram amizades, mas não querem o trabalho de cativar-me. Elas não conhecem o valor da confiança.

Pouco seria suficiente. Uma pessoa que se sentasse e ficasse. Em qualquer lugar, em qualquer dificuldade, sem se importar com seu passado, apenas com a certeza de que mesmo se o mundo acabasse, existiria um "nós". Imaginem que louco? Mas na realidade, tudo que vejo são pessoas que estão ao meu lado planejando como viverão sem mim.

Eu não quero falar de amor, de relacionamento, de casal, etc. Eu só estou dizendo que me sinto triste, não por me sentir só em meio a muitas pessoas, e sim por ver que elas também estão sozinhas, e acreditam que a base de seu egoísmo serão felizes. Ninguém se preocupa com o perdão, com o amor, com a confiança. Compraram sua aparência e não estão preocupados com suas essências, nos perdemos de nós mesmos, todos os dias.

...

A linha que liga meus olhos e coração estão rompidas. O dia foi lindo, o céu me presenteou nuvens e um azul maravilhoso. Mas meus subconsciente me serve tristeza. Já não consigo manter os pés no chão. Isso é loucura? Vou me elevar as galáxias. E talvez, lá eu feche os olhos e durma, ou caia, ou quem sabe... Eu voe.