Tanto por você.

Acontece que mudei. Mudei tanto que já nem posso mais lembrar do que era. Tenho saudades demais, menos de mim. Não que eu me goste assim. Apenas me sinto mais eu. Mesmo quase não me reconhecendo sei, aqui no fundo que, minha alma tem sede de vida. Mais agora, mais que nunca. Talvez nunca tive tanta certeza mas ao mesmo tempo, sei que ainda estou tão longe... E falta tanto... E tenho tempo. Chego quase a não temer mais a morte. Na verdade temo pelos que me amam. Não temo mais por mim. Aliás, qual é o meu direito de vida? Queira Deus que seus propósitos se cumpram.

Ainda choro pelos mesmos motivos. Ainda vivo por tempos passados. Mas calo tanto, tanto... Guardo. As palavras já não me fogem da fala, pelo contrário, sei tudo que gostaria de dizer: é tudo o que não devo. Isso até dói. Mas não me mata. E não me impede de nada. Na verdade, isso me impulsiona muito, sabe? Como agora, eu aqui escrevendo esse texto.

Talvez não queira saber de mim. E nem me valha a pena falar. Mas por carinho de mim mesma redijo essas palavras com um pouco de dó, ou talvez, manha mesmo. Mas senti tanta pena da sua mão em meu queixo e seu corpo se distanciando...  Era um tiquinho de esperança que acendia, e agora eu já sentia seu amor se esvaindo pelos meus braços. Eu vi uma enorme barreira entre nós. Ela se chama tempo. Tempo, tempo... Tempo. Que agora parte em pedaços cada (já) pedaços meus.

Meu coração. Você poderia ter ficado. Eu só queria conversar. Conversar com os olhos. Coisa que fiz muito bem. E rapidinho. Enquanto deixou. Falei sorrindo. Não era nada. Era alegria, que me enchia inteira, fique ao meu lado. Não. Bagunçou meu cabelo e saiu. 

Você tem razão. E acontece que mudei. Mudei tanto que já nem me cabem palavras pra dizer. Que já nem valem as palavras que eu queria dizer. Tanto quanto você. Tanto por você. Tanto que acabaram palavras, e acabarão os sorrisos, e logo... Logo, querido... Ficará apenas o tempo.

Eu já nem sei...