Sobre agora

Oi. Estava pensando em tudo o que aconteceu. O que exatamente? Nada. Apenas tudo. Ops, desculpe a confusão. É que naquela rotina a gente nunca espera o que vem por aí. Encarar com otimismo é o que eu fiz. Mas é que tudo parecia um roteiro pronto que eu interpretei exatamente ao contrário. Eu poderia ter dado mais sorrisos, poderia ter me esforçado, poderia ter ajudado, eu precisava mudar vidas. Mas me emburrei e chorei o dia todo. Me mantive distante. O universo agora me oprime e me julga insana.

O vento bate a minha porta abrindo e fechando-a como se alguém passasse por ela o tempo todo. Quem dera passasse! Eu deveria estar estudando para corresponder as expectativas de notas altas e trabalhos bem resolvidos. Mas tudo o que eu queria era estar no mundo, acho que no meu mundo. Aqui todos olham para você mas ninguém olha por você. Estou diante de uma tela de computador e transpareço ao mundo, mas ainda estou aqui dentro, do quarto, quietinha. 

Às vezes sinto que essas coisas tão passageiras passam por mim e levam meu perfume. Outras me sugam e secam. E eu me encontro como uma folha jogada ao vento, pronta para cair em terra e nutri-la. Dali nascerei mais bonita, ou até maior. E logo, passando por dias ensolarados e chuvosos, rapidamente estarei ao vento até minha vontade de viver acabar.

Sou uma pessoa com perspectivas. Eu sempre espero o melhor. Decepções não vem para me tirar a vontade, e sim dizer que preciso de muito mais. Que devo eu estar pensado? Essa injustiça, esses debates políticos sem fins, essa desigualdade, esse absurdo de vida de riquezas materiais que tudo é escondido, tudo é a favor de um só... Isso é que me desanima, me agride moralmente. A vida é curta demais para correr contra o tempo. Eu prefiro andar a favor dele.

Eu odeio ser generalizada. Eu odeio pagar pelo erro alheio. Eu odeio viver à custa de aparências. Eu odeio depender do futuro. Com meus fracassos eu dou um jeito. Porque eu fracasso sempre quando penso que posso fazer algo de bem. Para as pessoas não tem mais tanto valor. A não ser que eu tire uma foto da boa ação e relate no facebook. Acho que sou umas das poucas ingenuas que restam. O triste é pensar que o mundo pode me fazer como eles. O triste é pensar que não sei até quando aguento ser assim. O triste mesmo é pensar que vai de mal a pior, e não é esse texto que vai mudar isso, e por mais pouca coisa que eu faça o que dá vontade é de abrir mão, eu só não consigo ainda.

Não consigo porque preservo em mim viva a vontade de a cada dia ser melhor. Enquanto muitos fazem de tudo para matar suas consciências, eu permaneço aqui, acreditando que todos os dias eu devo e vou mudar, por mais que praticamente em todos eles eu fracasso e me decepciono. Mas não é largando a toalha que o mundo vai mudar. Não é esperando a morte que você vai ser feliz. Não é. Pode rir, e ria muito. Não posso explicar essências para quem vive de aparências, não posso explicar sentimentos para quem não sabe valoriza-los, não posso explicar o que é acreditar para quem já está desiludido. Então eu fico por aqui.