A sua que sou.

Foi desde aquele dia que me fitou com a espinha ereta, pensando que eu fosse o tipo mais durona que existe. Mas logo me pegou reclamando das estranhezas de ser comum. Me achou discreta só porque tampo a boca rindo baixinho, enquanto disfarço com sutileza toda alegria que sinto estando ao lado de alguém. E nem diz tanto de mim, já que sou risonha mesmo quando estou triste, e canso rápido quando me encontro em ambiente superficial. A diferença, se espero que não percebeu, tenho um riso derretido e timidez é sempre medo da exposição, seja de qualquer demonstração, de talentos, carinho ou sentimento.

Odeio vulgaridades mas não gosto de generalizar. Me preocupo demais com coisas pequenas e às vezes ameaço chorar só pra te preocupar. Amanhã farei uma tatuagem. Ou quem sabe apenas fique lendo um livro até tarde e me sinta cansada demais para entoar uma oração decente. Minhas rédeas são fraquinhas e sempre me deixo levar pela intenção dos momentos... Enquanto finjo que tenho tudo sobre controle na minha mente, no coração e inclusive anotado na agenda. Ainda não sei expressar a força que me impulsiona. Mas sempre me dizem que sou otimista.

De qualquer forma, surto o tempo todo. E já desconfiei ser meio bipolar. Mas não gosto de pensar em doenças senão pego elas psicologicamente. Afasto os pensamentos ruins. E sou quem sou pra me conformar com meu ser. Cultivando essências que crescem dolorido. Às vezes me faço do contra só pela graça de surpreender. Mas também já fiz de conta pela graça de um olhar confuso. Pra poder rir boba. Por falar do meu jeito boba, eu acredito em promessas e talvez por isso tenho dificuldade em faze-las.

Não gosto da sensação de me esforçar para ser bonita. Gosto de ser livre e independente. Não precisar de ninguém segurando a minha mão pra sair de um carro. Meu orgulho pode ser alto, mas é claro que não há problema ter alguém que se orgulhe gostar de mim e me elogie o tempo todo. Às vezes uso salto 15 pra ameaçar ser mais alta. Andar de nariz empinado, olhar no olho simpatizante, enfrentando o mundo. Mas te passei a segurança de que lá no sofá de casa eu sou a menor pessoa do mundo, sendo sua, de noite, sou mil vezes mais manhosa, e que meu mundo é melhor protegido nos teus braços.

Como detalhes adicionais, não tenho vergonha de dizer quando meus pés doem e a roupa está desconfortável. Não uso maquiagem porque tenho um estranho prazer quando coço meus olhos. Não troco meu chinelo por nada nesse mundo. E o colinho que o amor me trás. Por falar em amor, eu precisava falar, mesmo depois de tanta enrolação: não faço o tipo superficial e fato é esse, já que me tens, me tens como sou.