24 de novembro de 2015


E lá foi mais uma segunda-feira. Um ótimo dia para começar um livro novo, para conhecer alguém novo, para desejar uma ótima semana para desconhecidos. Eu queria saber como as coisas podiam melhorar. Mas a vida é contínua. E em meio à tantos desencontros, ela parece ter alguma lógica.

Então pensei, do que se trata a vida? Ora, me dê um gole, um trago, dessa coisa que chamamos de vida... Eu sinto que tem algo sendo dito, no desabrochar de uma rosa, numa mão entrelaçada, num sorriso estalado, num olhar meio inseguro....

Uma ansiedade repentina tomou meu peito, preciso muito mandar uma mensagem para um amigo, sorrir para alguém, conversar sobre meu dia, resolver as pendências. Mas não há ninguém, é segunda-feira. Todos estão começando livros novos, conhecendo pessoas novas, pensando como podem melhorar...

Então eu me chateei com a vida. Só queria o colo de meu bem.

Coloquei os fones de ouvido, Adriana Calcanhoto cantava "o amor é hiper quântico"... Novamente, um foco de luz acendeu baixinho em meu peito. Quando a vida assusta, temos um fenômeno contrário, dado por medidas discretas, que costumam acalmar o coração. Olhei em volta e abracei a vida, ou só a lembrança de que estou viva. Pensei no que fazia sentido para mim, e só isso bastava.

Entre tantas segundas-feiras, de vez em quando, tivemos um ao outro. Não tenho mais medo do seu passado. Eu entenderei o seu depois. Mas enquanto fazemos parte de um presente em comum, quero agradecer seu bom dia, desejar-lhe boa noite. Talvez um dia isso falte, mas de alguma forma isso também parece ter um pouco de sentido, pois me faz sentir. 

Eu sinto que apesar da minha contradição, apesar da minha indecisão... A vida às vezes corrida, apressada - e eu tão calma - adoça meu filme com tamanha precisão, que no fim do dia, eu não posso nunca dizer que não valeu a pena, posso apenas registrar em minha mente, em meu peito, na folha de um papel, tudo que foi bom.

E aos poucos acho que deixo de querer o futuro, de sentir essa ansiedade, a ponto de estar sempre só... E compreendo agora que devo falar mais, expressar-me melhor, aproveitar cada momento, sem me indagar como será quando tudo isso deixar de ser tão real. Pelo contrário, sempre será real, tantos erros quanto acertos, e eu decidi que só quero deixar marcas doces e discretas, no coração de quem me fizer entrar.

E tenho minha paz restaurada, nunca me importou tanto quem não esteve aqui segunda-feira, importa-me agora que eu escuto as rosas, as mãos entrelaçadas, sorrisos estalados e olhares inseguros. Compõem uma história compartilhada.


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5 comentários:

  1. Adorei esse texto, como tantos outros seus. Segunda-feira em vez de reclamarmos dela pode ser um início para um novo rumo não?

    http://simplesmenteassimj.blogspot.com.br/

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  2. Seu texto ficou perfeito... gostei muito de ver sobre como você escrever da ansiedade, das pendências, da paz restaurada e da ideia compartilhada. Estava com saudades desses textos. bjs

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